Precisamos falar sobre Suicídio
Vamos quebrar o tabu
Suicídio
é um assunto bem doloroso e muitas das vezes evita-se falar sobre ele, mas
evitar esse assunto não vai fazer com que ele deixe de existir.
É
fato que muitas pessoas já pensaram em morrer para escapar de uma sensação de
impotência extrema, mas que depois os pensamentos se reorganizaram, as coisas
voltaram a ter sentido e conseguem pegar as rédeas da vida novamente, procuram
ajuda, encontram apoio e tudo volta ao normal.
Porém
muitos não conseguem encontrar essa saída e o suicídio passa a ser a única
porta que ele consegue enxergar para se livrar de uma vez por todas do
sofrimento.
Somente
no Brasil 25 pessoas cometem o suicídio por dia, outras 20 pessoas tentaram sem
sucesso, isso significa que a cada 40 segundos, uma pessoa tira a própria vida.
Os
números são alarmantes e tende a ter um aumento a cada ano. Segundo o
Ministério da Saúde, a meta é reduzir a mortalidade por suicídio em 10% até
2020.
O que leva a pessoa ao suicídio?
O
suicídio não tem uma explicação objetiva, geralmente o suicida são pessoas com
algum tipo de transtorno mental ou emocional, como depressão de diversos graus,
transtorno de personalidade (anti-social, borderline com traços impulsivos e
frequentes alterações de humor), vitima de abusos sexuais, esquizofrenia ou
dependência química e/ou de álcool.
Quando
alguém se suicida, é comum que se procure um grande causador da tragédia:
falência, perda de parente, um vídeo íntimo que cai na rede, porem o maior previsor de suicídio é a ocorrência de doenças
mentais e emocionais. Segundo a OMS, 90% das pessoas que se suicidam
apresentavam algum desequilíbrio, como depressão, transtorno bipolar,
dependência de substâncias e esquizofrenia – e 10% a 15% dos que sofrem de
depressão tentam acabar com a vida.
Muito
se diz que “quem vai se matar não avisa” ou que a pessoa apenas quer “chamar atenção”
desmistificando essa frase eu digo que, quem vai cometer o suicídio avisa sim,
porem muitas vezes vem acompanhado de um extremo silencio.
Algumas
pessoas têm o ato suicida uma atitude extrema de egoísmo, pois não leva em
consideração a perda que a família e amigos terão porem o suicida não tem
intenção de magoar ou ferir emocionalmente alguém, ele só quer sair da situação
emocional de depressão extrema que o aflige, portanto não é coerente o
julgamento nesta situação.
A
pessoa está dentro de uma “bolha” de dor e angustia, ela vai dando diversos
sinais e que muitas vezes é ignorados ou despercebidos por familiares e amigos.
O suicida dá sinais porque ele está pedindo ajuda, pedindo socorro de uma forma
subliminar. A verdade é que a pessoa não quer morrer, ela quer que a dor e a
enorme angústia acabem e se a dor não acaba ela mesma quer fazer isso, acabando
com a vida.
Alguns sinais de comportamento suicida
·
Frases ou publicações nas
redes sociais que falem de solidão, isolamento, culpa, apatia, autodepreciação,
desejo de vingança ou hostilidade fora do comum (“Não
faço nada direito, sou um lixo”, “Não quero sair da cama nunca mais”, “Mais uma
madrugada sem sono”, “Quero que todo mundo se dane”, “Vocês não vão precisar
mais se preocupar comigo”);
·
Mudanças inesperadas de comportamento;
·
Depressão, Tristeza excessiva e isolamento;
·
Uso frequente de emojis negativos;
·
Impulsividade como o uso de álcool e drogas;
·
Demonstrar calma repentina;
·
Enaltecer e Glorificar a morte;
·
Auto desvalorização;
·
Dificuldade para dormir, pesadelos ou sono
excessivo;
·
Desfazer de objetos pessoas de muito valor
efetivo.
Atrás
de qualquer doença, existe um ser humano extremamente necessitado de amor,
carinho e atenção, cheio de virtudes, sensível e que merecem ser reconhecidas.
Como ajudar a prevenir o suicídio
Os
suicídios em sua maioria são em atos impulsivos, oferecer apoio emocional é o
primeiro passo. Ouvir, mostrar empatia, ser afetuoso ajuda muito, nunca se deve
ignorar a situação ou deixar a pessoa sozinha. As fontes de apoio geralmente são familiares,
amigos, colégio, centros de crise e profissionais da saúde (psicólogos e
psiquiatras). Uma boa opção também é o contato com o Centro de Valorização da
Vida (CVV) ligando para o número 188.
· Não compare sofrimentos, o sofrimento de uma
pessoa pode ser maior do que a outra mesmo não sendo tão intenso aos nossos
olhos;
· Fale claramente sobre suicídio com a pessoa,
pergunte diretamente se ela pensa em suicídio;
· Mostre interesse em conversar, o que ele
precisa é ser ouvido e não de um simples conselho;
·
Demonstre carinho, afeto e o quanto a pessoa
é importante e amada;
·
Sugira e o acompanhe em passeios alegres para
mudança de clima;
·
Vejam filmes e series de comédia;
·
Não deixe o doente sozinho;
·
Restrinja os acessos aos meios letais;
·
Combata o preconceito, o doente precisa ser
tratado como as demais pessoas precisam somente de uma atenção especial;
·
Por fim, é de profunda importância a ajuda de
um profissional (Psicólogo, Psicoterapeuta, Psiquiatra).
A
sociedade precisa entender que problemas psicológicos são sérios sim, muito
mais do que se pensa, pois não afeta somente o doente, mas todos ao seu redor.
Ser exposto ao ridículo ou acusações é o que menos o doente necessita, ele
precisa de afago, amor, atenção e precisa ser ouvido, sempre.
Não
é porque não sentimos uma dor ou um impulso que ele não possa existir no outro.
Por: Psicóloga Patrícia Soares
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