Todos
leigamente sabemos que o processo de adoção no Brasil é burocrático, demorado e
muitas vezes invasivo. São inúmeras
entrevistas com perguntas íntimas, que vai da vida a dois do casal até a
financeira, etapas essas que somente quem realmente quer um filho do coração, é
capaz de ir até o fim.
Porém
o medo dos pais adotivos é se o filho vai se sentir amado como um filho biológico.
O que
se deve entender antes da tomada de decisão sobre a adoção é que um filho
adotivo não é a solução para segurar um casamento desgastado, substituir um
filho que se foi, não se trata meramente de uma solução para a infertilidade e
tão pouco somente para satisfazer a vontade de ter um filho.
Antes
de qualquer decisão, a pergunta correta a ser feita é “Por que adotar um filho?”
Não é uma decisão tomada do dia para a noite, mesmo porque o processo é
demorado e precisa ser levado com seriedade e determinação em formar uma família
e entender que existirá uma pessoa em sua vida da qual precisará de atenção,
carinho e amor, e não de caridade.
Essa
motivação deve ser muito bem pensada e as sessões com psicólogos logo no início
pode ajudar nesta tomada de decisão, pois adoção não é um conto de fadas e
saber que terá bônus e ônus para todos envolvidos, dentre elas o medo da
rejeição do filho e da sociedade.
A
preparação para as entrevistas é o início de tudo e nela é investigado a
motivação pelo qual leva os futuros pais a adotar, o relacionamento do casal, a
personalidade, estrutura, estado físico e capacidade de se envolver em uma
relação adotiva.
O papel do psicólogo no
processo de adoção
O psicólogo
deve estar presente no início da decisão para estruturados pais para o processo
de adoção.
Durante
este processo as funções do psicólogo destacam-se em:
- Perícias,
- Entrevistas
- Laudos
- Avaliações
Nessas
avaliações o psicólogo busca entender o real motivo da adoção, condições
sociais, financeiras e emocionais dos envolvidos, assim como histórico familiar
e relacionamentos do casal.
Também
é analisado quais as preferencias por etnia, idade e sexo da criança a ser
adotada.
Assim
é possível que os futuros pais possam se sentir à vontade e se expressar de
forma natural.
Além
do suporte aos pais e ao juiz que tomará a decisão, o psicólogo é importante
também na vida da criança ou adolescente quando se trata de uma adoção tardia. Realizam
acompanhamento no processo de adaptação entre a criança e a família por se
tratar de um período delicado com muitas dúvidas devido ao medo do desconhecido
e de uma configuração estrutural de uma nova família.
Adoção Tardia
Adoção
tardia é a adoção de crianças já desenvolvida, em geral refere-se a crianças a
partir de 3 até os 17 anos. São crianças e adolescentes que já tem uma
autonomia e conseguem falar e andar sozinha, não usam fraudas, e não são consideradas
bebês.
Existem
muitos mitos e medos dos pais em um processo de adoção tardia, fatores hereditários,
história emocional, fatos recentes e o ponto de vista físico.
Porém
existe o mesmo medo por parte da criança, o maior de todos é o medo de um novo abandono.
Alguns
futuros pais acreditam que adoção tardia pode gerar crianças revoltadas e com caráter
duvidoso, isso os psicólogos desmistifica devido ao processo de avaliação
realizado também com as crianças e adolescentes, existem desafios, mas paciência,
amor, carinho, dedicação, atenção, informação e segurança é possível assegurar
uma família feliz.
A adoção
tardia passa por várias fases como:
- Surgimento do comportamento regressivo na criança
- Agressividade após a fase do encantamento
- Agressividade contra a mãe adotiva
- Enfrentamento do preconceito social
- Pular etapas na construção do vínculo afetivo
- Novos hábitos comportamentais e alimentares
- Sentimento de vulnerabilidade e medo
- Imaturidade em alguns casos e maturidade extrema em outros.
De qualquer
forma, o processo de adoção ainda precisa ser incentivado, pois medos e mitos
sempre existirão devido à falta de informações. Um dos principais desafios da
adoção no Brasil e a aproximação entre pais e crianças a serem adotadas e o
processo burocrático, aos pais que já tem a decisão tomada, devem persistir no
desejo em receber um filho do coração.
Existem
muitos casais sonhando em ter um filho para lhes dar amor e muitas crianças
esperando para encontrar pais aptos a receber todo amor que elas têm para dar.
Psicóloga Patrícia Soares
CRP 06/105543
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